
VITAMINA D (Dra. Mariana Granato)
A vitamina D é um pro-hormônio, cuja principal função é a regulação do metabolismo ósseo através da absorção intestinal de cálcio e fósforo e deposição destes minerais para a formação dos ossos e dentes.
A deficiência da vitamina D pode ocasionar problemas graves de saúde, entre os quais o principal é o raquitismo, caracterizado por alterações na estrutura óssea, levando a deformidades e fraturas.
Nos últimos anos a comunidade científica tem observado que a ação da vitamina D no organismo humano não se restringe ao metabolismo ósseo. Diversos estudos vêm sendo publicados demonstrando que a vitamina D também participa de processos relacionados ao sistema imune, podendo apresentar um papel “protetor” contra doenças auto-imunes e contra alguns tipos de câncer. É observado também que o uso da vitamina poderia auxiliar no tratamento de doenças de pele, como a psoríase. Outros trabalhos apresentam dados que sugerem que níveis baixos de vitamina D em adolescentes estão associados a maior risco de doenças cardiovasculares (hipertensão, hiperglicemia e síndrome metabólica). Alguns autores sugerem, ainda, que a manutenção de um nível sérico adequado de vitamina D no início da infância esteja associada a um menor risco de doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia e doença bipolar.
No organismo humano, a maior parte da vitamina D é produzida na pele, através da transformação do 7-dehidrocolesterol (um derivado do colesterol que se concentra na gordura animal) em colecalciferol (também chamado de vitamina D3), sob ação da radiação ultravioleta.
Uma parcela menor da vitamina D é proveniente da dieta, seja na forma de vitamina D2 (ergocalciferol: de origem vegetal) ou vitamina D3 (colecalciferol: de origem animal).
O estilo de vida moderno, no qual os indivíduos usufruem cada vez menos de ambientes ao ar livre, e a forte preocupação com os riscos da exposição solar, principalmente em função das altas taxas de câncer de pele, dificultam enormemente a produção adequada de vitamina D no organismo.
Sendo assim, é recomendado o consumo de alimentos ricos em vitamina D, tais como gemas de ovos, fígado, óleos de fígado de peixe e peixes de água salgada, como sardinha, arenque e salmão.
Além disso, alguns alimentos são fortificados com vitamina D, como é o caso das fórmulas lácteas pediátricas e de produtos como manteigas e iogurtes.
A preocupação com a deficiência de vitamina D é especialmente importante na faixa etária pediátrica, tendo em vista o risco do raquitismo, citado anteriormente.
Considerando o fato de algumas crianças apresentarem maior risco de desenvolver deficiência de vitamina D (seja por fatores genéticos ou ambientais) e que boa parte das crianças não consegue atingir os níveis necessários de vitamina D com sua alimentação habitual, a Academia Americana de Pediatria recomenda suplementação de vitamina D nas seguintes situações:
​
-
400 unidades ao dia:
-
Para todos os bebês que recebem aleitamento materno exclusivo, visto que a quantidade de vitamina D presente no leite materno é insuficiente para o bebê manter níveis séricos adequados;
-
Para todos os bebês em aleitamento misto, que recebem menos de 1 litro por dia de fórmula fortificada com vitamina D.
-
​
-
800 unidades ao dia:
-
Para crianças prematuras, visto que estas recebem menor aporte de vitamina D proveniente da mãe durante a gestação;
-
Para crianças de pele negra, por absorverem menor radiação ultravioleta e, consequentemente, fazerem menor conversão de vitamina D na pele;
-
Para crianças que vivem em altas latitudes (acima de 40°), especialmente nos meses de inverno, já que há menor exposição solar nestas situações.
-
A suplementação deve ser iniciada nos primeiros 2 meses de vida e continuar até a adolescência.